Na República Agostinho Neto (Angola) existe uma coisa a que deram o nome de «Televisão Pública de Angola (TPA)» e que, de facto, mais não é de um órgão de propaganda do MPLA, partido que está no Poder há 46 anos e que, desde então, rouba aos angolanos para empanturrar os sipaios e chefes de posto da TPA. Se parece um pato, nada como um pato e grasna como um pato é um… elefante?
Então essa coisa inaugurou agora mais um canal de propaganda do patrão, a que chama de notícias, que vai emitir 24 horas por dia, prometendo ser “abrangente” e dar oportunidade a todos, incluindo partidos, sociedade civil ou igrejas, segundo o director de informação. Na linguagem do MPLA, “abrangente” é uma palavra que junta duas: abram (à nossa) gente.
O novo canal de notícia que passa a emitir 24 horas por dia, antecede o lançamento a 18 de Outubro de um outro canal, dedicado à cultura e desporto, que resulta da fusão da TPA 2 e da Palanca TV que era detida por Manuel Rabelais, ex-ministro da Comunicação do último governo de José Eduardo dos Santos, e passou para a esfera do Estado em Agosto de 2020.
Cabingano Manuel, director de informação do canal, sublinhou que tudo está preparado para manter o espectador informado, com conteúdo nacionais e internacionais, e um grupo de profissionais da comunicação que vão estar atentos aos factos “que fazem a actualidade do país e não só”, tendo a equipa sido reforçada com mais 40 profissionais, entre técnicos e jornalistas.
Questionado sobre a cobertura eleitoral do novo canal pertencente à TPA, alvo frequente e mais do que justas acusações de parcialidade por parte dos partidos da oposição, nomeadamente a UNITA, o responsável destacou que o trabalho dos jornalistas da estação pública é “permanentemente escrutinado” e vão “continuar a fazer o melhor”. E, como se sabe, porque o MPLA é Angola e Angola é do MPLA, partido que tem mais filiados do que angolanos existentes no mundo, é natural que a proporcionalidade obrigue este canal a dar ao MPLA pelo menos 90% de representatividade…
“As críticas são normais ao desempenho de qualquer órgão, não se trata de dar mais tempo de antena aos partidos de oposição, nós temos um leque de elementos para dar visibilidade, à oposição, ao partido do governo, à sociedade civil”, elencou.
Para Cabingano Manuel, com a TPA Noticias será mais fácil dar visibilidade aos principais acontecimentos, já que um canal 24 horas vive de informação.
“Há aqui uma janela que não se fecha, não se esgotam as oportunidades quer para a sociedade civil, os partidos políticos ou as igrejas”, afirmou, acrescentando que “a televisão é de todos” e “há um trabalho que está a ser feito para que a visibilidade da sociedade nacional e internacional seja abrangente”.
Sobre se haverá oportunidade para entrevistar o presidente do principal partido da oposição que o MPLA ainda permite em Angola, Adalberto da Costa Júnior, que lidera o partido desde 2019, mas nunca foi entrevistado pela televisão pública angolana, salientou que o canal de notícias vai explorar ao máximo aquilo que produz do ponto de vista noticioso, e rematou: “Obviamente que todos terão o seu momento na televisão, é normal”.
Reforçou, por outro lado, que a TPA tem “um compromisso com o serviço público de qualidade e é nisso que assenta a nossa abordagem”. Não nos esqueçamos que, no ADN do MPLA e, portanto, da TPA, qualidade quer dizer primeiro o MPLA, depois o MPLA, a seguir o MPLA (e assim sucessivamente).
O governo angolano, como referiu novamente o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, na inauguração, fez um investimento significativo na reconversão tecnológica da TPA, tendo investido já 36,5 milhões de euros na primeira fase de modernização.
Mais recentemente, o Presidente João Lourenço, ouvido o Presidente do MPLA (João Lourenço) e o Titular do Poder Executivo (João Lourenço), autorizou o dispêndio de mais 39 milhões de euros para aquisição de infra-estruturas tecnológicas e equipamentos da estação pública de televisão.
Assim, com todos estes investimentos, os nossos 20 milhões de pobres vão poder ver a TPA nas mega-lojas do Povo, criadas pelo MPLA, e que são popularmente conhecidas como… lixeiras.
Folha 8 com Lusa